Uma revisão sistemática das descobertas eletrofisiológicas em Transtornos Alimentares Compulsivos: Uma janela para dinâmica do cérebro.
Este texto foi baseado no artigo A Systematic Review of Electrophysiological Findings in Binge-Purge Eating Disorders: A Window Into Brain Dynamics publicado em 2021 na Frontiers in Psychology
A compreensão dos aspectos neurofisiológicos nos Transtornos Alimentares (TA) ainda é um grande desafio para clínicos e pesquisadores, uma vez que muitos transtornos mentais compartilham as mesmas características neurobiológicas, o que dificulta um melhor diagnóstico e tratamento. Alguns autores sugerem a necessidade de ampliar as classificações diagnósticas, considerando às alterações ocasionadas em polos cerebrais específicos que caracterizam aspectos clínicos e neurobiológicos distintos nesses indivíduos.
Os transtornos alimentares compulsivos (TAC), como a bulimia nervosa (BN) e o transtorno de compulsão alimentar (TCA), apresentam alterações comportamentais como impulsividade, alta excitabilidade, traços de personalidade borderline e abuso de substâncias que podem estar relacionadas à uma função alterada nas regiões cortical e estriatal e/ou atividade aumentada no córtex orbitofrontal. Para uma melhor elucidação dos padrões fisiopatológicos dos TA são realizados estudos com métodos de neuroimagem e avaliações neuropsicológicas.
Dentre estas, o eletroencefalograma (EEG) é uma técnica de baixo custo que possibilita o monitoramento da atividade elétrica desencadeada por neurônios corticais, o que pode contribuir na pesquisa e diagnóstico dos TAC. Desta maneira, a compreensão dos parâmetros neuroeletrofisiológicos a partir do sinal do EGG é obtido através das análises no domínio do tempo, que compreende o potencial relacionado ao evento (ERP), e as análises no domínio da frequência (alfa, beta, teta, delta).
A revisão sistemática publicada na Frontiers in Psychology buscou analisar as evidências atuais sobre os achados do EGG nos TAC e limitações para pesquisas futuras. Os estudos utilizaram diferentes estímulos relacionados ao TA (comida, imagem corporal e de alimentos) e não relacionados ao TA (expressões faciais, ruídos sonoros) para evocar ERPs e mudanças na banda de frequência, a fim de observar alterações eletroencefalográficas indivíduos com TAC.
As análises no domínio de tempo mostraram mudanças em ERPs iniciais (N200, P200, EPN), responsáveis pelo processamento cognitivo, atencional e sensorial precoce, demostrando uma resposta cognitiva disfuncional provocada por imagem corporais e de alimentos. Além disso, as variações nos potenciais de longa latências (LPP e SPW) refletiram atenção motivacional ou baseada na emocional deficiente nestes indivíduos. Para as análises dos estímulos não relacionados ao TA houve alterações nos componentes N200, P300 e SW que em conjunto sugerem anormalidades em atividades que envolvem atenção e controle autorregulatório, possivelmente relacionados à impulsividade em pacientes com BN.
Os achados com análises de frequências são minoritários, entretanto revelam alterações especificas em áreas frontais do cérebro em pacientes com TAC. O aumento da atividade beta nesta região comprova que nestes indivíduos há uma maior vulnerabilidade aos estímulos alimentares, o que reflete na falta de controle em relação à alimentação.
Pesquisas futuras são necessárias a fim de confirmar a utilidade das técnicas de EEG na avaliação de indivíduos com transtornos alimentares compulsivos, entretanto algumas limitações precisam ser superadas como: pesquisas incipientes, heterogeneidade de amostras e de estímulos, comorbidades clínicas. Dessa forma, os parâmetros de EGG deve ajudar a entender os prejuízos subjacentes no processamento neural em pacientes com transtornos alimentares compulsivos.
Autora do Texto: Alana Lima Pacheco (@alanalimanutri) – CRN: 05/5431
Revisão Técnica: Fellipe Augusto de Lima Souza (@fellipeaugust) – CRP: 06/138263
Referência bibliográfica: Hiluy JC, David IA, Daquer AFC, Duchesne M, Volchan E, Appolinario JC. A Systematic Review of Electrophysiological Findings in Binge-Purge Eating Disorders: A Window Into Brain Dynamics. Frontiers in Psychology. 2021; vol.12, 2021. doi: 10.3389/fpsyg.2021.619780
O que é o Comer Intuitivo? É uma abordagem de intervenção no comportamento alimentar focado na melhora da relação com alimentação, corpo e mente.
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Esse texto foi baseado no artigo The body asks and the mind judges: Food cravings in eating disorders publicado em Janeiro de 2020 na L’Encéphale - journal of general Psychiatry.
Este texto foi baseado no artigo The Development of Feeding and Eating Disorders after Bariatric Surgery: A Systematic Review and Meta-Analysis publicado em 2021 na Revista Nutrients.
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