QUAL É O MELHOR MÉTODO DE AUTOMONITORAMENTO DO DIÁRIO ALIMENTAR - PAPEL OU APLICATIVO? (Parte 2)
Este texto é a continuação da parte 1 e foi baseado no artigo Efficacy and acceptability of self-monitoring via a smartphone application versus traditional paper records in an intensive outpatient eating disorder treatment setting , publicado em 2020 na Europen Eating Disorders Review
Na primeira parte deste texto introduzimos o automonitoramento do diário alimentar, apresentando as possíveis vantagens e desvantagens do monitoramento em papel e através de aplicativo. Nesta segunda parte focaremos nos dados de uma clínica randomizada que tentou responder qual seria o melhor método de automonitoramento do diário alimentar.
Em 2015, uma revisão sistemática identificou o aplicativo "Recovery Record", que oferece a maior quantidade de conteúdo baseado em evidências e amplas capacidades de automonitoramento, demonstrando uma maior eficácia em comparação com outros apps de smartphone. Este aplicativo permite aos pacientes automonitorar todas as refeições, assim como pensamentos, sentimentos e comportamentos associados, visando substituir as anotações em papel, que são frequentemente utilizadas.
Além disso, o aplicativo permite também que os médicos sejam conectados aos seus pacientes, vejam os registros em tempo real e forneçam feedback imediato. Embora pesquisas preliminares não controladas sobre o aplicativo sugiram que ele é fácil de usar, viável, altamente aceitável entre os usuários e pode estar associado a reduções clinicamente significativas nos sintomas de transtornos alimentares, a eficácia e aceitabilidade deste app em um ambiente de tratamento de TAs especializados não têm sido rigorosamente estudada.
Este estudo piloto compara a eficácia e aceitabilidade do aplicativo Recovery Record em com o diário alimentar em papel em um ambiente de tratamento ambulatorial de adultos com transtornos alimentares. Noventa pacientes em tratamento foram recrutados e designados aleatoriamente para a condição experimental ou de controle. Aqueles na condição de controle receberam o tratamento padrão fornecido pelo programa, sendo este o uso de registros em papel do diário alimentar. Aqueles na condição experimental receberam o mesmo tratamento, mas usaram o aplicativo Recovery Record para monitorar suas refeições.
Os resultados não apresentaram diferenças estatísticas significativas no uso do diário alimentar em papel ou em aplicativo, podendo ser adaptado de acordo com a melhor aderência do paciente. Em programas que os pacientes estão mais engajados, o uso do papel mantém-se como uma recomendação clínica. O aplicativo pode ser mais eficaz nas seguintes situações: quando o paciente encontra-se resistente a preencher o diário alimentar em cadernos ou agendas, apresentar menor aderência ao tratamento ou o acompanhamento não ocorrer com tanta frequência (menos de uma vez por semana), pois eles podem se sentir menos conectados a seus clínicos, estar menos engajados e menos inclinados a aderir ao automonitoramento.
Revisão técnica: Fellipe Augusto de Lima Souza – CRP: 06/138263
Referencia bibliográfica: Keshen, A., Helson, T., Ali, S., Dixon, L., Tregarthen, J., & Town, J. (2020). Efficacy and acceptability of self‐monitoring via a smartphone application versus traditional paper records in an intensive outpatient eating disorder treatment setting. European Eating Disorders Review.
O novo Modelo Maudsley é uma modalidade de intervenção familiar destinada a pais, cuidadores e familiares de pessoas com transtornos alimentares graves. Pela primeira vez no Brasil, a Prof° Jenny Langley, em ensinará aos clínicos diversas estratégias de comunicação, manejo comportamental, habilidades de autocuidado e como instrumentalizar os familiares durante todo o percurso de tratamento.
Artigo baseado no texto Eating disorders are associated with adverse obstetric and perinatal outcomes: a systematic review publicado em 2021 no Brazilian Journal of Psychiatry
Esse texto foi baseado no artigo The body asks and the mind judges: Food cravings in eating disorders publicado em Janeiro de 2020 na L’Encéphale - journal of general Psychiatry.
Este texto foi baseado no artigo The Development of Feeding and Eating Disorders after Bariatric Surgery: A Systematic Review and Meta-Analysis publicado em 2021 na Revista Nutrients.